quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crónicas da "Fá" #12


A estrada do Guincho acabou quase sem dar por isso. Quando deu por si estava a chegar. O lugar escolhido, uma esplanada sobre a praia do Guincho, era um sitio bastante concorrido nas noites de Verão. Não sabia se isso a desagradara ou aliviara. Agora era só descobrir a "personagem".


Passou breves minutos que pareceram horas a tentar identificar alguém que apenas conhecia de poucas fotos e nada... Tinham combinado na esplanada, aquela hora e ninguém dos presentes correspondia à imagem que guardava.


- Estás muito formal. Vieste directamente do trabalho ou vais jantar com alguém importante?


As palavras sussurradas ao ouvido, por detrás de si fizeram-lhe perder a força nas pernas, mas não desarmou.


- Estava à procura de um "senhor" daqueles que não deixa uma senhora plantada à espera dele, mas já que ele não veio podes ser tu..., disse olhando o mar, sem se virar para trás.


Ele chegou-se o suficiente para o sentir contra si, bem como o calor no ouvido quando falou.


- Estava a observar-te... A tentar tirar uma conclusão a teu respeito. Sabes que hoje, todo o cuidado é pouco...


- Cabrão...


Virou-se e encontrou a boca com que tantas vezes fantasiara à sua espera. Foi um beijo misto de urgência e vontade de saborear. Não muito intenso mas suficientemente demorado para ambos sentirem na pele a reacção do outro.


O jantar decorreu agradável mas tenso. Depois daquele beijo não mais se tocaram. Vasco recostava-se para trás enquanto a observava atentamente. A certa altura dera-lhe a sensação de que ele evitara um contacto por debaixo da mesa. Se por um lado isso estava a desorientá-la e a deixá-la insegura, por outro, o ar atento e "guloso" com que ele a observava estava a dar-lhe tesão. Mais do que imaginara numa situação daquelas. Deu consigo a imaginá-lo a dar-lhe comida à boca como num filme que vira há muito tempo, mas na verdade, o que ele fazia era encher-lhe o copo com "eficácia".


Para o café trocaram a mesa mais resguardada por uma mais perto do mar onde já não se enfrentavam.


- Passaste o jantar todo a olhar para mim...


- Desagradou-te?


- Não...


- Estava a imaginar-te por debaixo desse vestido... Tens estado a falar de trivialidades o tempo todo. Estava a tentar perceber quando é que ias largar a capa.


- Que queres dizer com isso?


- Que acho que os últimos tempos tem sido muito mais interessantes do que me estás a contar.


- Nem por isso...


A mão mergulhou ágil por entre as pernas, vestido acima agarrando-a despudoradamente. Não sabia se corava de tesão ou por outra razão qualquer.


- Sou eu que te estou a perguntar. Desde quando tens segredos para mim?


Naquele momento sentiu-se "na mão dele". Com um movimento deitara-lhe as defesas por terra. Estava vulnerável e a adorar...


- Que queres saber?


-Tudo...



6 comentários:

Maria disse...

Simplesmente arrojado.

Gostei.
Bjs
E.

Maria disse...

Vou ali comprar um vestido...

dermatologistested disse...

delicioso! até parece que estes textos viciam. beijo

Unknown disse...

Estou com a dermatologistested... Que vício... E agora na expectativa do texto seguinte... :)
O que sairá dessa cartola? ;)

Beijinho

Bianca disse...

Espera-se mais que um beijo urgente :-) ou não... o suspense aumenta o sentimento.
Beijo

Bianca disse...

Espera-se mais que um beijo urgente :-) ou não... o suspense aumenta o sentimento.
Beijo