quarta-feira, 14 de maio de 2008

Pela boca morre o peixe (2)

A gargalhada generalizou-se naquela mesa. A de ana era nervosa, pelo menos por um momento enquanto prometia a si própria que a vingança não se faria esperar. Apertava-me a mão com toda a força enquanto me olhava nos olhos. Quando afroxou, levei-a aos lábios e, deseducadamente, beijei-a calma e demoradamente, não desviando o olhar. Ela apenas o desviou por momentos para ver a reacção das outras. As parvas do costume, continuavam a rir, o sorriso de Sónia fê-la corar ao olhar-me de novo, altura em que retirou a mão.


Sentei-me e recomecei a conversa com Sónia, que estava a curtir que nem uma parvinha. Ela adora este tipo de situações, desde que não sejam com ela. Tocava-me com o pé por baixo da mesa de cada vez que surpreendia Ana a olhar para mim de esguelha ao mesmo tempo que conversava com as outras duas. a conversa que já tinha "azedado" ligeiramente, era agora mais descontraida e girava à volta do que leva as pessoas a escrever um blog (Não que eu tenha o costume de escutar as conversas alheias...). Vindo de três pessoas que nunca tinham tido nenhum, era, no minimo, interessante. Sónia meteu-se na conversa. aproveitei para vir à porta fumar um cigarro e falar com o porteiro, conhecido de longa data e outros carnavais.


- Posso ser indiscreta?

Afinal não tinha sido o único a quem apetecera vir à rua... A mão dela pousara discretamente na minha cintura, enquanto o peito se encostava às minhas costas.

- És livre de perguntar o que quiseres, tal como eu de responder ou não.

- Qual é a tua relação com a Sónia? Noto uma grande cumplicidade.

- Somos amigos, nada mais. Há vinte anos, daí a cumplicidade. Pensei que ias perguntar outra coisa.

- Posso?

- Já disse que sim.

- As coisas que escreves são verdade, ou é só imaginação?

- Imaginação.

- Costumas mentir com frequência, ou estás só a embirrar comigo?

- Costumas fazer juizos sem conhecer as pessoas ou estavas só a embirrar comigo?

- Convenhamos que não é fácil de acreditar naquilo tudo.

- É imaginação minha.

- Certas coisas não aparecem do nada, mas se não queres responder...

Sentia o mamilo a endurecer através da t-shirt. Virei-me para trás, olhei-o directamente...

- Vamos para dentro. Estás a ficar com frio.