quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ups (3)

Tentou não dar a entender o embaraço provocado pela pergunta, feita de uma forma tão natural que a tornava ainda mais provocatória. Resolveu entrar no jogo.

- O que a levou a pensar que qualquer das conversas tivesse assim tanto interesse?

- ... Às vezes, num homem... o interesse é visivel...

- Entendo.

- Não me leve a mal. Não tenho nada contra. Pelo contrário.

- Pelo contrário?

- Costumo ter conversas dessas, exactamente da mesma forma... acho que hoje em dia é normal...

- Você é casada?

- Isso é importante? As pessoas quando casam não morrem.

- Claro...

- Sou casada mas não sou cega e acredite que há pouco vi perfeitamente...

- Não foi minha intenção. Peço desculpa.

- Porquê? Não o tomei como falta de respeito, simplesmente apareci na altura errada.

- ...

- Até acabou por ser giro.

- Giro?

- Às vezes é bom perceber que por detrás do profissional sério está apenas uma pessoa normal.

- Muitissimo normal...

- Pois. Nunca lhe apetece ser menos formal?

- Às vezes sim, mas tenho medo de acabar por misturar as coisas. Por vezes apetece-me conhecê-los melhor, falar mais sobre mim.

- Porque é que não o faz?

- Se calhar por falta de oportunidade. O ambiente de trabalho não convida muito...

- Desculpe-me a sinceridade, mas para falar na net já não há problema?

- É um escape.

- Quer falar-me dessas conversas?

- Estamos quase a chegar.

- Podemos parar pelo caminho, não tenho pressa.

- Só se me falar das suas.

Virou à direita e seguiu pelo Monsanto até parar num sitio discreto embora não demasiado afastado do mundo. No escuro do carro, apenas a luz avermelhada do rádio e o Dexter Gordon em fundo.Interrogou-se por um momento sobre o que estaria ali a fazer com uma miuda com metade da idade dele, num carro, no meio do Monsanto, quando devia era estar a caminho de casa.

A provocação da amiga devorava-o.

A sua postura timida estava a surtir o efeito esperado. Ela sentia-se no controle da situação, qual peixe no anzol que apesar de correr de um lado para o outro se vai aproximando inexorávelmente da praia.

- Não tem o marido à espera?

- Se o conheço nem deve vir jantar a casa. Hoje há futebol. E você?

- Tudo bem. O que lhe desperta curiosidade em mim?

- Podia perguntar-lhe a idade e o signo mas neste momento interessa-me mais saber o que lhe estava a provocar aquele inchaço nas calças.

- Tive duas conversas. Falamos da primeira e depois conta-me uma das suas. Então falamos da segunda.

- Muito bem. Começa você então.

- Estava a falar com uma amiga... como se chama agora... colorida.

- Ela estava onde?

- Em casa.

- O que é que ela lhe estava a dizer?

- Como gostava de me chupar...

- Humm... Interessante. Já o fez?

- Já.

- Ela fá-lo bem?

- Muito bem. Como vê não era nada do outro mundo.

- Para si era de certeza. Estava com uma tesão enorme.

- Obviamente. Parecia que a sentia a fazê-lo. agora conta-me uma sua?

A conversa estava a subir de interesse e, obviamente, a excitá-los. Ela mudou de posição ficando a olhá-lo nos olhos.

- Há uma pessoa que não conheço, nunca lhe vi a cara ...

- Já o ouviu?

- Sim. Não me interrompa senão perco o fio à meada.

- ...

- Disse-me para me tocar, quando estávamos em reunião...

- Na sala de reuniões?

- Exactamente. Não me vai despedir pois não?

- Continue.

- Disse-me para olhar nos olhos de alguém que me desse tesão quando me estivesse a vir.

- Fê-lo?

- Sim. Disse-me também para, a seguir, ir à casa de banho e tirar uma foto dela, ainda toda molhada e lha mandar.

- Fê-lo?

- Fiz. Acha-me louca?

- Não. Você fica linda quando se está a vir. Foi nos meus olhos que olhou, não foi?

- Foi... Sabia? Como...

Tirou o telemóvel, procurou uma foto, mostrou-lha.

- Não acredito...

7 comentários:

Patrícia Villar disse...

Surpreendente! Já tinha lido os 2 anteriores, atenta...na curiosidade de onde isto ia chegar. Vai haver continuação?! Claro que sim...ainda não vi a palavra "Fim".

Beijinhos

(in)confessada disse...

adorei ter sido surpreendida.
já n acontecia há muito..

Anónimo disse...

Fiquei com pena de eu não ter uma sala de reuniões...

Rei Lagarto III disse...

Patricia

Como em tudo o que gostamos na vida, nunca sabemos se vai haver continuação

Rei Lagarto III disse...

(in)confessada

Essa frase é.me familiar... :)

Rei Lagarto III disse...

Cris

Há coisas bem mais dificeis de resolver

Anónimo disse...

Também tens razão...