A estrada do Guincho acabou quase sem dar por isso. Quando deu por si estava a chegar. O lugar escolhido, uma esplanada sobre a praia do Guincho, era um sitio bastante concorrido nas noites de Verão. Não sabia se isso a desagradara ou aliviara. Agora era só descobrir a "personagem".
Passou breves minutos que pareceram horas a tentar identificar alguém que apenas conhecia de poucas fotos e nada... Tinham combinado na esplanada, aquela hora e ninguém dos presentes correspondia à imagem que guardava.
- Estás muito formal. Vieste directamente do trabalho ou vais jantar com alguém importante?
As palavras sussurradas ao ouvido, por detrás de si fizeram-lhe perder a força nas pernas, mas não desarmou.
- Estava à procura de um "senhor" daqueles que não deixa uma senhora plantada à espera dele, mas já que ele não veio podes ser tu..., disse olhando o mar, sem se virar para trás.
Ele chegou-se o suficiente para o sentir contra si, bem como o calor no ouvido quando falou.
- Estava a observar-te... A tentar tirar uma conclusão a teu respeito. Sabes que hoje, todo o cuidado é pouco...
- Cabrão...
Virou-se e encontrou a boca com que tantas vezes fantasiara à sua espera. Foi um beijo misto de urgência e vontade de saborear. Não muito intenso mas suficientemente demorado para ambos sentirem na pele a reacção do outro.
O jantar decorreu agradável mas tenso. Depois daquele beijo não mais se tocaram. Vasco recostava-se para trás enquanto a observava atentamente. A certa altura dera-lhe a sensação de que ele evitara um contacto por debaixo da mesa. Se por um lado isso estava a desorientá-la e a deixá-la insegura, por outro, o ar atento e "guloso" com que ele a observava estava a dar-lhe tesão. Mais do que imaginara numa situação daquelas. Deu consigo a imaginá-lo a dar-lhe comida à boca como num filme que vira há muito tempo, mas na verdade, o que ele fazia era encher-lhe o copo com "eficácia".
Para o café trocaram a mesa mais resguardada por uma mais perto do mar onde já não se enfrentavam.
- Passaste o jantar todo a olhar para mim...
- Desagradou-te?
- Não...
- Estava a imaginar-te por debaixo desse vestido... Tens estado a falar de trivialidades o tempo todo. Estava a tentar perceber quando é que ias largar a capa.
- Que queres dizer com isso?
- Que acho que os últimos tempos tem sido muito mais interessantes do que me estás a contar.
- Nem por isso...
A mão mergulhou ágil por entre as pernas, vestido acima agarrando-a despudoradamente. Não sabia se corava de tesão ou por outra razão qualquer.
- Sou eu que te estou a perguntar. Desde quando tens segredos para mim?
Naquele momento sentiu-se "na mão dele". Com um movimento deitara-lhe as defesas por terra. Estava vulnerável e a adorar...
- Que queres saber?
-Tudo...
6 comentários:
Simplesmente arrojado.
Gostei.
Bjs
E.
Vou ali comprar um vestido...
delicioso! até parece que estes textos viciam. beijo
Estou com a dermatologistested... Que vício... E agora na expectativa do texto seguinte... :)
O que sairá dessa cartola? ;)
Beijinho
Espera-se mais que um beijo urgente :-) ou não... o suspense aumenta o sentimento.
Beijo
Espera-se mais que um beijo urgente :-) ou não... o suspense aumenta o sentimento.
Beijo
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